A palavra Karmapa significa “aquele que executa atividade iluminada”. A tradição tibetana considera que os professores iluminados são capazes de escolher renascer em tempos e lugares que lhes permitirão trazer grandes benefícios para os outros. Os Karmapas são a mais antiga linhagem destes lamas reencarnados no Tibete, com os sucessivos Karmapas a servirem como líderes da linhagem Karma Kagyu do Budismo há mais de 900 anos.
O atual Karmapa, Ogyen Trinley Dorje, nasceu no Tibete oriental em 1985. Chamado Apo Gaga pelos seus pais, viveu uma vida simples de nómada até aos sete anos de idade, altura em que foi reconhecido como a reencarnação do 16.º Karmapa, Rangjung Rigpe Dorje. Foi localizado com a ajuda de uma carta deixada pelo 16.º Karmapa, que indicou quando e onde iria renascer, o nome dos seus pais e sinais especiais que acompanhariam o seu nascimento. No mesmo mês em que foi descoberto, Sua Santidade o 14.º Dalai Lama relatou um sonho que descrevia a zona onde o jovem Karmapa tinha nascido, confirmando assim os detalhes da carta de previsão.
Após ser confirmado como o 17.º Karmapa, foi entronizado no Mosteiro Tsurphu, o assento histórico dos Karmapas no Tibete central, onde foi recebido por quase 25.000 Tibetanos que aí se haviam juntado para lhe prestar homenagem. Em Tsurphu, o Karmapa estudou textos Budistas e os rituais da linhagem Kagyu, bem como a língua, poesia e arte tibetanas. Também recebeu centenas de visitantes diariamente, muitos dos quais viajaram de todo o mundo para conhecer o jovem lama.
Embora o governo chinês, que ocupa o Tibete desde 1950, tenha inicialmente apoiado o reconhecimento do Karmapa, controlava de perto e restringia seriamente as suas atividades. Estas restrições criaram uma barreira à educação do jovem Karmapa, já que a maioria dos mestres séniores da linhagem Kagyu moravam exilados fora do Tibete e não lhes era permitido visitá-lo para transmitir os ensinamentos vitais da sua tradição. Nestas circunstâncias, o Karmapa era também incapaz de se encontrar com a vasta maioria dos seus alunos, provenientes de todo o mundo.
Em 1999 o Karmapa, então com 14 anos, empreendeu uma ousada fuga do Tibete, que chamou a atenção do mundo. Após meses de planeamento cuidadoso, fingiu entrar em retiro solitário mas, em vez disso, envergando vestes civis, escapou do mosteiro através de uma janela. Deixando Tsurphu com um punhado de acompanhantes, deu início a uma audaz viagem a pé, a cavalo, de carro, comboio e helicóptero – viagem esta que chegou às manchetes globais. Após a sua chegada a Dharamsala, na Índia, a 5 de Janeiro de 2000, foi recebido por Sua Santidade o 14.º Dalai Lama. Pouco depois, recebeu o estatuto de refugiado do governo Indiano.
Desde 2000, o Karmapa tem vivido perto de Dharamsala. Todos os anos desloca-se a Bodhgaya e Sarnath, dois importantes locais de peregrinação Budistas, para dar ensinamentos e dirigir as cerimónias e celebrações anuais da linhagem Karma Kagyu, que atraem milhares de visitantes de todo o mundo. Em 2008, pela primeira vez, recebeu autorização para viajar aos Estados Unidos, para aí ensinar os seus estudantes no ocidente.
Apesar de ainda muito novo, o Karmapa é um extraordinário professor espiritual. Para além do seu papel como líder da linhagem Karma Kagyu, é também um talentoso pintor e poeta, um apaixonado ambientalista e um declarado vegetariano. Os seus incansáveis esforços em manter os ensinamentos do budismo tibetano estão a dar vida nova a esta antiga tradição.
Para mais informação sobre o 17.º Karmapa, por favor consulte:
Informação sobre a histórica primeira visita do 17.º Karmapa aos EUA